Ele é descrito pela imprensa britânica, incluindo veículos como a BBC e o jornal “The Guardian”, como um dos melhores atores em atividade. Recebeu o título de cavaleiro das mãos da Rainha Elizabeth II, em decorrência de seus serviços em favor da arte, e o Oscar de Melhor Ator por seu desempenho magistral em “O Silêncio dos Inocentes”, de 1991, onde interpretou o canibal Hannibal Lecter, considerado o maior vilão da história do cinema pelo American Film Institute.
Esse é Sir Anthony Hopkins, ator galês que, dentre suas inúmeras características e peculiaridades, apresenta o Transtorno do Espectro Autista (TEA), e só foi diagnosticado na terceira idade. Agora, ele concorre ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por seu papel no filme “Dois Papas”. Na obra dirigida pelo brasileiro Fernando Meirelles (que também esteve por trás das câmeras em “Cidade de Deus” e “O Jardineiro Fiel”), ele interpreta o conservador Papa Bento XVI.
Hopkins tornou público seu diagnóstico de uma maneira muito casual e tranquila para o jornal The Desert Sun, aproveitando a oportunidade para esclarecer que sua condição nunca seria um impedimento para o trabalho: “Eu fui diagnosticado com a Síndrome de Asperger, mas sou de alto desempenho. Muitas pessoas com Asperger são altamente funcionais, porém inconsistentes. Elas têm hábitos nervosos e pensamentos obsessivos.
Alguns neurologistas não concordam, mas minha esposa estava tentando descobrir com quem ela estava casada e leu um boletim informativo de um psicoterapeuta. Ele disse: “Você deveria ver alguns dos meus pacientes”. Ele novamente apontou que as pessoas com Asperger tendem a ser criativas ou severamente incapacitadas. Eu não sei se isso se aplica a mim, mas sei que nunca posso ficar calmo. Eu costumo executar várias tarefas. Decido que não vou pintar e depois passo 24 horas pintando”.
Ator autista
Como um ator pode ser autista, costumam questionar os incautos, ainda mais se tratando de um intérprete tão expressivo? Afinal, o senso comum, presente até mesmo no meio científico, convencionou que autistas são incapazes de ser artificiais, de fingir, de interpretar.
No entanto, essa afirmação demonstra tanto o desconhecimento das nuances do autismo quanto o do próprio ofício da interpretação, que exige muito mais prática e treino do que propriamente vocação. Nesta matéria, você pode conferir outros autistas que obtiveram grande sucesso na
atuação e em outras áreas, como Courtney Love e Daryl Hannah.
Diagnóstico Tardio
O diagnóstico do autismo somente na fase adulta ou mesmo a falta dele por toda a vida é uma realidade presente na vida de muitas pessoas. Afinal, os casos mais leves, conhecidos como Síndrome de Asperger antes de sua integração ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), só entraram para os manuais médicos CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) e DSM (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) em 1994, quando Hopkins tinha 57 anos de idade.
O caso de Hopkins acende nossa luz sobre os autistas idosos, sobre os quais a informação é quase nula, conforme abordei em entrevista com a procuradora municipal aposentada Irene Maria da Silva
Fonte: Mundoautista