Por: Octavio Caruso
Estes filmes tocam a alma, fazendo com que o espectador seja levado a encarar diferentes pontos de vista, abraçando novas possibilidades, desenvolvendo o elemento fundamental da empatia. O cinema pode te ajudar a se tornar uma pessoa melhor.
A Bela e a Fera (Beauty and the Beast – 1991)
A simbologia da rosa, as pétalas encantadas que caem dentro do vidro que protege sua pureza do cruel mundo externo, terra de violência, feras, doença e finitude. A necessidade do amor verdadeiro quebrar o encanto antes da queda da última pétala, a resistência poética daqueles que corajosamente enfrentam o embrutecimento da sociedade, cada vez mais interessada no enfeite, desprezando a simplicidade da rosa.
Quem pode amar uma fera? Quem pode olhar nos olhos da dor e sorrir, agradecendo o aprendizado? Tarefa que demanda maturidade, sincera empatia e desapego pelo conceito da vaidade.
Clube dos Cinco (The Breakfast Club – 1985)
“Quando você se torna adulto, seu coração falece”. A frase, dita no filme pela menina esquisita da turma, resume uma grande verdade: grande parte dos adultos desiste de seus sonhos, deixa os interesses individuais se perderem, abraçando as convenções da sociedade, os rituais executados para a satisfação dos outros.
E estes adultos, já desencantados com a vida, não aceitam encarar o brilho nos olhos dos jovens. Ao contrário do que os cinco pensavam no início do dia, eles não eram diferentes, e, mais que isso, eles entenderam que poderiam conquistar qualquer objetivo caso trabalhassem em equipe.
Os traços de comportamento que outrora os separavam eram exatamente os recursos únicos que cada um poderia agregar, os elementos que os tornavam fortes.
As Pontes de Madison (The Bridges of Madison County – 1995)
Após o falecimento de Francesca Johnson, uma proprietária rural, seus filhos descobrem, através de cartas que a mãe deixou, do forte envolvimento que ela teve com um fotógrafo da National Geographic, quando a família se ausentou de casa por quatro dias.
Esta revelação faz com que os jovens repensem a forma como vivem seus próprios relacionamentos, o legado bonito de uma experiência que sempre foi mantida nas sombras, por medo do que a sociedade diria. Um amor proibido e que nunca chegou a desabrochar, mas forte o suficiente para servir de inspiração, muitos anos depois da última troca de olhares.
Filme perfeito para aquelas pessoas que adoram julgar o sentimento dos outros.
Tempo de Amar (Sevmek Zamani – 1965)
Um homem descobre um retrato de uma mulher pelo qual logo adquire uma paixão platônica. A mulher vem a conhecê-lo e se fascina com o ocorrido, porém logo percebe que a admiração não se torna recíproca à imagem real daquela mulher. Uma pérola do cinema turco praticamente desconhecida, com forte inspiração nos trabalhos de Antonioni.
O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Le Fabuleux Destin d’Amélie Poulain –2001)
A beleza de desejar melhorar a vida de estranhos, sem receber crédito algum por isso, o amor sem vaidade que motiva a jovem garçonete Amélie poderia contaminar todos aqueles que tivessem contato com a obra.
Ao perceber como um simples gesto de gentileza modifica o dia de uma pessoa, ela passa a encarar a experiência da vida de forma totalmente diferente. Nem mesmo uma infância imersa em tristeza e frustração pode impedir um espírito livre de alcançar a redenção. Tudo se resume ao ato de querer ser melhor.
Meu Pé Esquerdo (My Left Foot – 1989)
O filme que consagrou Daniel Day-Lewis como um dos maiores atores de sua geração, o drama real do jovem Christy Brown, que nasceu com uma paralisia cerebral que lhe tira todos os movimentos do corpo, com a exceção do pé esquerdo, obstáculo que o desafia a vencer na vida através da arte, como escritor e pintor.
Tudo Sobre Minha Mãe (Todo Sobre Mi Madre – 1999)
Esteban é um jovem de 17 anos que está escrevendo uma história chamada “Tudo Sobre Minha Mãe”. No dia do seu aniversário, a mãe ia lhe contar tudo sobre seu pai, que o menino não conheceu. Mas um acidente impede que isto aconteça, e a mãe decide partir atrás do pai de seu filho.
É incrível a capacidade de Almodóvar pintar um retrato tão pungentemente humano, com bom humor, abordando indivíduos que vivem à margem da sociedade, destruindo preconceitos, mostrando que, entre falecidos e feridos após o espetáculo da vida, todos somos muito parecidos.
Pai e Filha (Banshun – 1949)
Os personagens mentem constantemente, inclusive para si mesmos, e buscam andar na contramão de suas tradições.
A sociedade japonesa da época ditava que as jovens mulheres deveriam casar após certa idade, mas a bela Noriko não consegue se imaginar fazendo outra coisa senão cuidar de seu querido e viúvo pai. Será preciso que ambos se sacrifiquem para que sejam vistos pela sociedade com apreço.
Fonte:Devo Tudo ao Cinema