Uma nova planta geneticamente modificada é excepcionalmente qualificada
para remover poluentes perigosos, como o benzeno e o clorofórmio, do ar
circundante.
• Diz-se que as plantas domésticas são purificadores de ar naturais, mas a
maioria das pesquisas sugere que seus benefícios são apenas marginais.
• Plantas geneticamente modificadas podem mudar isso porque são capazes
de produzir proteínas especiais que absorvem e quebram compostos
específicos.
• Os resultados da pesquisa recente mostram a promessa de aplicações
futuras da técnica.
Um experimento da NASA, em 1989, mostrou que as plantas de interior eram
eficazes na remoção de compostos perigosos do ar. O teste, projetado para
estudar maneiras de desintoxicar o ar em naves espaciais, ajudou a perpetuar
a ideia de que plantas de interior podem ajudar a purificar o ar em sua casa.
No entanto, pesquisas subsequentes sugeriram que esses benefícios são,
bem, menos que significativos.
Agora, uma nova técnica de edição de genes pode transformar plantas de casa
em purificadores de ar naturais eficazes. Uma equipe de pesquisadores da
Universidade de Washington modificou geneticamente um pothos hera – uma
planta comum e robusta, às vezes chamada de hera do diabo – para remover
do ar o clorofórmio e o benzeno, carcinógenos prováveis e definidos,
respectivamente.
A equipe transferiu um gene sintético para as plantas que lhes permitiu produzir
uma proteína chamada citocromo P450 2E1, ou 2E1, que está presente em
todos os mamíferos, incluindo seres humanos. Em humanos, essa proteína
converte o benzeno em um químico chamado fenol e clorofórmio em dióxido de
carbono e íons cloreto. No entanto, ele está localizado apenas no fígado, por
isso não pode nos ajudar a processar poluentes transportados pelo ar.
“Decidimos que deveríamos ter essa reação fora do corpo em uma planta, um
exemplo do conceito de ‘fígado verde’”, disse Stuart Strand, Ph.D., pesquisador
sênior do departamento de engenharia civil e ambiental da UW, disse à
revista Genetic Engineering and Biotechnology News. “E o 2E1 também pode
ser benéfico para a planta. As plantas usam dióxido de carbono e íons cloreto
para fazer seus alimentos, e usam fenol para ajudar a construir componentes
de suas paredes celulares.”
Os pesquisadores colocaram plantas geneticamente modificadas e não
modificadas em um conjunto de tubos de vidro, e então adicionaram grandes
quantidades de gás benzeno ou clorofórmio a cada uma delas. Eles então
rastrearam os níveis de cada composto nos tubos ao longo de 11 dias.
No final do período de estudo, as plantas não modificadas não mostraram alterações nas concentrações dos compostos. Mas as plantas modificadas mostraram quedas significativas: os níveis de clorofórmio caíram 82% após três dias e quase não foram detectados após seis, enquanto os níveis de benzeno caíram cerca de 75% após oito dias.
Resultados promissores
Os resultados sugerem que a ciência ambiental poderá um dia ajudar a purificar o ar em nossas casas de poluentes perigosos, alguns dos quais são pequenos demais para serem aprisionados por purificadores mecânicos de ar. Ainda assim, há um problema: as plantas só podem efetivamente remover poluentes se houver fluxo de ar adequado na sala.
“Se você tivesse uma planta crescendo no canto de uma sala, isso teria algum efeito naquela sala”, afirmou Strand. “Mas sem fluxo de ar, vai demorar muito tempo para uma molécula do outro lado da casa chegar à planta.”
A equipe quer adicionar outra proteína à hera modificada que pode absorver o formaldeído, um “provável carcinógeno humano” encontrado na fumaça do tabaco e em alguns produtos de madeira.
“Estes são todos compostos estáveis, por isso é realmente difícil se livrar deles”, disse o Dr. Strand. “Sem proteínas para quebrar essas moléculas, teríamos que usar processos de alta energia para fazer isso. É muito mais simples e sustentável colocar essas proteínas juntas em uma planta de casa.”
Texto originalmente publicado no Genetic Engineering and Biotechnology News, livremente traduzido e adaptado pela Pensar Contemporâneo