Em Uma Vida em Sete Dias, Angelina Jolie interpreta Lanie Kerrigan, uma repórter ambiciosa que tem a vida virada de cabeça para baixo após receber uma previsão inesperada de um homem em situação de rua: ela morrerá na próxima quinta-feira. A partir daí, o que parecia ser apenas mais uma comédia romântica despretensiosa, se transforma — ainda que sutilmente — em uma reflexão sobre o que sustenta a nossa ideia de sucesso e propósito.

O filme evita o abismo existencial, preferindo abordagens leves para a crise anunciada. Jolie brilha ao mostrar, com delicadeza, uma personagem que não se reconstrói por completo, mas que se desgasta até revelar fissuras. A urgência da morte vira uma desculpa para pequenas mudanças: um novo corte de cabelo, um beijo inesperado, uma leve reconfiguração de prioridades.

O relacionamento com o cameraman Pete (Edward Burns) traz momentos genuínos e funciona como âncora emocional da trama. Mas o roteiro, com medo de ousar, recua sempre que toca em questões mais profundas. A morte, aqui, é só um empurrão para uma vida “mais autêntica” — mas cuidadosamente controlada.

Ainda assim, Uma Vida em Sete Dias encontra sua força nos detalhes. Em silêncios desconfortáveis, em sorrisos forçados, em pequenas frestas onde Lanie percebe que sabe muito sobre aparência e quase nada sobre essência. E também na cidade de Seattle, que surge como um personagem silencioso, retratado com uma atenção incomum e quase documental.

No fim, o filme entrega mais charme do que peso, mais conforto do que desconstrução. Mas entre uma risada leve e um suspiro mais demorado, deixa uma pergunta que insiste em permanecer: o que você faria se soubesse exatamente quanto tempo ainda tem?