Segundo a hepatologista Bianca Della Guardia, hoje cerca de 34% da população mundial possui gordura no fígado, ela alerta que esse índice está crescendo assustadoramente. Bianca é coordenadora do Grupo Médico Assistencial de Doenças Hepáticas da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.
Esteatose hepática não alcoólica, ocorre quando as células do fígado começam a ser infiltradas por células de gordura (triglicérides). É normal ter um pouco de gordura neste órgão, mas quando mais de 5 a 10% dele é composto de gordura o quadro deve ser tratado.
Por décadas achou-se que o principal motivo dessa doença era o alcoolismo, mas descobriu-se que a doença também está ligada ao sedentarismo e à uma dieta alimentar prejudicial ao corpo. Além de algumas síndromes metabólicas como obesidade, colesterol alto, hipertensão e diabetes.
“A maioria dos casos está relacionado à diabetes tipo 2, que por sua vez está associada à obesidade. Há pacientes magros que têm gordura no fígado. Nesse caso, leva-se em conta um componente genético”, afirma Bianca Della
A hepatologista explica que ao descobrir a gordura no fígado, a pessoa tende a ficar assustada, mas mesmo assim não começa a tomar medidas para reverter a situação. “Estudos mostram que até a gordura avançada no fígado pode melhorar com alimentação balanceada e exercícios físicos, além do controle de fatores de risco”, diz.
Se a gordura no fígado não for tratada, o fígado entra em um processo inflamatório, que no máximo em 10 anos, cria uma cicatrização chamada fibrose. “A fibrose pode evoluir para cirrose e o fígado pode perder a sua função. Também há aumento do risco de câncer de fígado e de transplante”, afirma.
No início a gordura no fígado não aparenta ser grave, mas quando negligenciada trás graves consequências como explica hepatologista Bianca: “Caso seja detectada em exame, não se deve deixar o tratamento para depois. Grande parte dos transplantes de fígado que realizamos chegam a nós como quadros de esteatose hepática avançada”.
Como se trata de uma doença silenciosa, não é possível esperar os sintomas para procurar um médico. “Quando há sintomas, como cansaço, o problema está avançado”, diz.
Como alguns acreditam a gordura no fígado, não dá azia, náusea ou refluxo. “Esses sintomas estão associados a problemas gastrointestinais. A gordura no fígado é uma epidemia silenciosa, assintomática, principalmente na fase inicial”.
Mas algumas pessoas devem fazer exames preventivos, tais como; quem tem gordura visceral (barriga de chope), pessoas com sobrepeso, colesterol alto ou diabetes tipo 2. Um exame que ajuda a detectar a gordura no fígado é o ultrassom abdominal, complementando com exames laboratoriais.
A primeira coisa a fazer é procurar um gastroenterologista, de preferência, com especialidade em hepatologia. Ainda não existe um medicamento para a gordura no fígado, ela afirma que o tratamento hoje consiste em dieta balanceada e exercícios físicos.
“A alimentação deve ser rica em fibras e vegetais e pobre em gordura. É recomendável beber muita água e evitar bebidas alcoólicas. Já o café, de três a quatro doses por dia, tem efeito benéfico. Enquanto a frutose, o açúcar das frutas, em excesso, não é indicada. O suco de laranja industrializado, por exemplo, traz malefícios”, diz.
Em relação à atividade física, Bianca orienta 30 minutos por dia, cinco vezes por semana. “Até um tempo atrás, era recomendado apenas o exercício aeróbico. Hoje, sabe-se que a musculação também oferece benefícios”.
Com informações:R7
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