Theresa Kachindamoto nunca esperava se tornar a chefe do Malawi. Ela estava perfeitamente satisfeita com seu trabalho de 27 anos como secretária em uma faculdade da cidade de Zomba. Então, um dia, ela foi convocada de volta para sua casa em Monkey Bay, um aglomerado impressionante de montanhas no distrito de Dedza ao redor do lago Malawi, por ser descendente da linhagem de chefe tribal.
Escolhida
Theresa, foi escolhida pelos chefes do distrito de Dedza para ser a próxima chefe tribal, ela governa mais de 900.000 pessoas. Porém ao ser escolhida como chefe ela tomou uma atitude contra décadas de abuso com crianças do Malawi, ela não só terminou como anulou a tradição de casamentos infantis.
“Eu não quero casamentos infantis. Eles devem ir para a escola. Nenhuma criança deve ser encontrada em casa ou fazer tarefas domésticas durante o horário escolar. ”- Theresa
Theresa conta que quando voltou ao seu distrito não podia acreditar no que estava vendo. Meninas com 12 anos andando com bebês e maridos adolescentes. Assim que ela tomou posse, começou a ordenar que as pessoas desistissem dos casamentos infantis, pois era única maneira de corrigir séculos de sofrimento.
“Eu lhes disse: ‘Goste ou não, eu quero que esses casamentos sejam terminados’”. – Theresa Kachindamoto
Ela começou por tomar uma posição e fazer com que 50 de seus sub-chefes assinassem um acordo para acabar com o casamento infantil em sua área de autoridade. Em seguida, ela os fez anular os casamentos de menores de idade e mandar todas as crianças envolvidas de volta à escola, de acordo com um artigo no Nyasa Times.
Além disso, um relatório de jornal na Al Jazeera afirmou que Kachindamoto havia suspendido quatro chefes masculinos quando eles continuaram a aprovar casamentos menores de idade como um aviso para os outros. Ela só os contratava de volta quando eles confirmaram que haviam anulado os casamentos.
O Malawi ocupa o oitavo lugar entre os 20 países com maior índice de casamento infantil do mundo. Um inquérito das Nações Unidas em 2012 mostrou que mais de metade das raparigas do Malawi casaram antes dos 18 anos.
A raiz do problema
A raiz do problema é principalmente a pobreza. O Malawi é considerado um dos lugares mais pobres do mundo, ocupando o 160º lugar entre 182 nações no índice de desenvolvimento humano. Como as crianças são um fardo financeiro para a família, os parentes estão ansiosos para tirá-las de casa. O casamento precoce é especialmente comum nas áreas rurais, onde as pessoas são mais pobres.
Inspirando as crianças para ficar na escola
Theresa também envia mulheres para as escolas para dar palestras. “Eu tentei chamar algumas meninas da cidade para que elas pudessem ser modelos, para que pudessem vir [às nossas escolas] conversar” sobre seus empregos, diz ela. Essa ideia também está funcionando! As parlamentares do Maláwi foram dar palestras e as meninas da comunidade de repente ficaram ansiosas para aprender inglês – a língua falada no parlamento.
Para mais inspiração, Theresa tem levado o máximo de garotas que conseguiu das fazendas da vila em viagens para ver as luzes brilhantes da cidade. Essas viagens de campo mostram às meninas todas as possibilidades e oportunidades que as aguardam, caso se atenham aos estudos.
“Se eles são educados, eles podem ser e ter o que quiserem.” – Theresa Kachindamoto
Ela está em uma missão para causar o maior impacto possível enquanto ela é chefe, o que esperamos que seja por muito, muito tempo.
Texto originalmente publicado no Educate Inspire Change, livremente traduzido e adaptado pela equipe da Revista Saber Viver Mais