De tempos em tempos, surge o boato de que cozinhar em panelas de alumínio é prejudicial à saúde. Será?
Essa história não é nova! Quem nunca ouviu que “cozinhar em panela de alumínio pode fazer mal à saúde”? Não são poucos os blogs, sites e posts em redes sociais que relatam uma lista de doenças causadas pelo consumo de alimentos “contaminados com o alumínio das panelas”, em especial a doença de Alzheimer.
Há algum tempo, a revista “Superinteressante” fez uma matéria desmistificando a história de que panelas de alumínio podem ser perigosas para a saúde. Essa “lenda urbana” de tempos em tempos reaparece, principalmente na forma de um texto repassado por Whatsapp chamado de “Alumínio, útil mas mortal”, no qual o suposto autor lista uma série de doenças que podem ser causadas pelo contato excessivo com o metal e, em especial, pela ingestão de alimentos cozidos em panelas de alumínio.
O alumínio é o metal mais abundante no planeta e pode ser encontrado em inúmeros objetos com os quais temos contato diariamente, como, por exemplo, utensílios de cozinha.
Por ser tão comum, inevitavelmente todos nós estamos expostos diariamente a ele, seja através da inalação de partículas presentes no ar, da ingestão de resíduos de alumínio presentes na água, em alimentos e medicamentos ou até mesmo através da absorção pela pele.
Neste contexto, em 2008 uma publicação da Agência para Substâncias Tóxicas e Registros de Doenças dos EUA2 afirmou que “a exposição aos níveis de alumínio que estão naturalmente presentes nos alimentos e na água e as formas de alumínio presentes nas panelas não são consideradas prejudiciais. Comer grandes quantidades de alimentos processados contendo aditivos de alumínio ou frequentemente cozinhar alimentos ácidos em panelas de alumínio pode expor uma pessoa a níveis mais altos de alumínio (…). No entanto, os níveis de alumínio encontrados em alimentos processados e alimentos cozidos em panelas de alumínio são geralmente considerados seguros”.
Em 2011, o relatório conjunto de um comitê de cientistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO)3 afirmou que a ingestão semanal tolerável provisória (PTWI) do alumínio seria de 2 mg por kg de peso corpóreo por semana.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)4 utiliza os dados do relatório da FAO/OMS citado anteriormente como base para definir que a a dose de 1 a 7 mg/kg peso corpóreo por semana é a tolerável para o consumo de alumínio.
Um estudo de 2007 de pesquisadores vinculados ao Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL)5 analisou a quantidade de metal liberado em diferentes alimentos quando cozidos em panelas de alumínio e concluiu que “a ingestão de alumínio proveniente da migração do metal da panela para o alimento não representa risco para a saúde humana e está bem abaixo do limite tolerável internacionalmente aceito”, representando apenas 2% do limite de 1 mg/kg de peso por semana.
Considerando o posicionamento da Organização Mundial da Saúde, da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, da Agência para Substâncias Toxicas e Registros de Doenças dos EUA e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Drops classifica a afirmação “Sabe aquela panela de alumínio antiga, que você ganhou da sua avó?
Pode usar sem medo: esse é mais um daqueles mitos sem pé nem cabeça” como VERDADEIRA.
Fonte:Drauzio Varella
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