Com mais de 177 mil seguidores no Instagram, o Vegano Periférico está conquistando cada vez mais adeptos e bombando na Web.
A ideia é simples e direta, tanto em relação a comida como na construção da linguagem. O perfil foi criado pelos gêmeos Leonardo e Eduardo Santos, moradores da periferia de Campinas (SP).
O intuito é mostrar que deixar de consumir produtos de origem animal é uma escolha não apenas para que tem dinheiro, mas sim para todos. O perfil reúne receitas, fotos e relatos em prol do veganismo, de quem escolheu viver essa realidade mesmo sem o glamour, que tanto é falado nas redes sociais.
“Não é porque você é pobre que não pode escolher o que comer. Falar direto e reto, sem frases em inglês e mostrar uma alimentação barata: arroz, feijão, frutas, legumes e verduras”, diz Leonardo.
“É possível ser pobre, periférico e vegano. A gente não está falando da boca para fora, não lemos em um livro. A gente vive isso no dia a dia”, emenda Eduardo.
Mas nem sempre foi assim…
Hoje aos 23 anos, os gêmeos estão totalmente engajados na causa vegana, porém nem sempre foi assim. Moradores da periferia de Campinas, São Paulo, eles contam que o vegetarianismo e veganismo eram conceitos muito distantes do que eles viviam na realidade do dia a dia.
Eduardo conta que sua compaixão pelos animais surgiu em 2015, após presenciar um caminhão que transportava porcos tombar no trecho Oeste do Rodoanel. Essa foi a primeira vez que ele presenciou como era o tratamento dado aos animais criados para abate.
“Perguntei para minha namorada qual era a diferença entre a nossa cadela de estimação e aqueles leitões. Concluímos que não havia nenhuma”, conta.
A partir desse momento Eduardo aderiu ao vegetarianismo e depois o veganismo, o outro irmão Leonardo também presenciou o acidente mas só em 2017 mudou o estilo de vida para o veganismo.
“Na periferia a ideia é que você tem que trabalhar para não morrer de fome. Quando você faz escolhas no campo mais reflexivo, como ser vegano, escuta: Para de pensar nisso. Já enviou seu currículo?”, afirma Leonardo.
Foi então que os irmãos perceberam a falta de representatividade das classes mais baixas no meio. Em 2017, os dois resolveram criar o perfil na tentativa de ter uma conversa sobre veganismo com as classe mais populares. “A ideia inicial foi mostrar que não é só a classe média que pode ser vegana”, explica Leonardo.
‘Vegano Periférico’
Eduardo e Leonardo, fizeram uma estimativa e o valor que gastam por mês após adotarem ao veganismo, é de aproximadamente R$ 400,00 cada, e isso inclui comida para café da manhã, almoço, jantar, produtos de limpeza e todo o resto que precisam.
Antes do veganismo, os irmãos eram ligados a uma dieta rica em industrializados e carnes. O consumo de alimentos mais naturais se tornou hábito depois. “Na periferia se tem a ideia de que consumir esses produtos é estar bem socialmente. Se sente alegria em comprar bolacha, iogurte, picanha. Isso precisa ser desconstruído”, conta Leonardo.
“A gente tem uma noção errada sobre o que é comida. Às vezes a gente olha para o congelador e se não tiver nada, já corremos para o açougue”, exemplifica Eduardo. Os irmãos explicam que o segredo para gastar tão pouco está em simplificar a rotina.
Eles não mostram quem são no Instagram, a dupla não embarca na onda de digital influencers. “Queremos que as pessoas se identifiquem com o conteúdo, não que a página fique conhecida pelos gêmeos. Dessa forma, todos podem ser o ‘vegano periférico”, conclui Leonardo.
Com informações:G1