Por: Saber Viver Mais
Uma mistura de exaustão e revolta são sentimentos que o médico Francismar Prestes Leal, de 51 anos, convive todos os dias nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), em Maringá no Paraná.
O médico que atua há 20 anos em UTIs, conta que passou cinco dias internado após testar positivo para a doença e teve que intubar colegas de trabalho que infelizmente perderam a batalha contra a Covid-19.
Francismar atua desde o início da pandemia, desde quando o primeiro caso foi registrado em Maringá, no Paraná. Ele chega a trabalhar 200 horas mensais em UTIs de dois hospitais da cidade.
“Não está sendo fácil lidar com uma doença infecciosa tão complexa e com a negação dela por parte da população. Estamos todos exaustos, fisicamente e mentalmente. Tenho medo de adoecer ou de morrer dessa doença que ainda não entendemos direito”, desabafou.
O médico conta que um dos momentos mais difíceis na luta contra o coronavírus, foi ter que intubar os dois colegas de profissão, que também atuavam combatendo a Covid-19.
“Intubei dois colegas, algo muito traumático para qualquer um, e os dois faleceram apesar de todo o esforço que fizemos. É terrível a sensação de perder colegas que lutavam tanto para salvar vidas, expondo-se e expondo seus amados”, lamentou.
A Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), informou que até quarta-feira (9), 11.774 profissionais de saúde já foram infectados pela Covid-19, no momento 9.216 já se recuperaram totalmente e 136 vieram a óbitos.
Mesmo com o grande aumento de casos da doença no estado e a ocupação de leitos pela doença, ele classifica como “assustador” o comportamento de pessoas que cada dia mais ignoram as medidas sanitárias e distanciamento social.
“Não entendo por que as pessoas estão se expondo a algo que pode matá-las ou matar quem elas amam. Imploro como médico, como marido de uma esposa que está lutando neste momento contra um quadro grave da doença, e como pai de quatro filhos infectados, se cuidem”, disse.
Longas jornadas
O médico também fala que além das dificuldades impostas pelos perigos do contágio da doença, existe o esgotamento mental e físico causado por longas jornadas de trabalho.
Segundo Franscimar, assim como ele foi contaminado, existem vários profissionais que estão diagnosticados positivos com a Covid-19. Isso faz com que os que não estão contaminados, precisem suprir a ausência do efetivo.
O médico afirmou que os profissionais plantonistas, sem registro, sofrem ainda com a falta de remuneração em caso de afastamento.
Francismar, ainda destaca que a população deve fazer esforços para ajudar o trabalho dos profissionais da linha de frente de combate à pandemia.
“Se as pessoas não se cuidarem até que vacinas eficazes estejam disponíveis, todos nós pagaremos um preço alto, até mesmo com nossas vidas, inclusive os profissionais da saúde, que estão lutando pela vida de cada um que chega aos nossos cuidados”, concluiu.
Com informações: G1
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