Quem ama, educa. Mas com disciplina e rigor. Essa era a essência do pensamento do psiquiatra e escritor Içami Tiba.
Em seus textos, palestras e entrevistas não poupava o que considerava falhas de pais e professores, mas foi justamente nas famílias e nas escolas que encontrou grande receptividade.
Escreveu 30 livros que venderam 4 milhões de cópias, e tinha planos de continuar trabalhando.
Içami Tiba era crítico ao sistema educacional brasileiro. A trajetória escolar, agora obrigatória a partir dos 4 anos, é muito longa para a pouca qualidade ofertada nas instituições públicas, disse ele em entrevista à Gazeta do Povo.
Mas também defendia os professores da sobrecarga de educar os alunos. Para o educador, a família é a principal responsável por passar valores às crianças. “Quem tem valores sólidos dentro de si é capaz de olhar para uma situação sem ser envolvido por ela, e pode analisá-la e criticá-la.”
Com as novas tecnologias, o papel do professor passa a ser o de conduzir o aluno pelo mundo do conhecimento. Para Tiba, o aluno precisa aprender a pesquisar. “O conhecimento está no ar. Na capacidade de a pessoa conectar-se com quem sabe. E hoje isso é a internet. O professor não precisa saber tudo.
Precisa saber liderar e coordenar projetos, conduzir o aluno na busca”, disse, em entrevista ao programa Provocações, da TV Cultura, há um ano.
Considerado como um “domador” de adolescentes, Tiba disse que preferia ser visto como defensor dos jovens. “Dei existência científica aos adolescentes. Os primeiros livros quem escreveu fui eu. A psicologia começou a estudar adolescentes a partir desses textos.” E de fato ele foi muito reconhecido nesse campo.
Em 2004, uma pesquisa realizada pelo Ibope para o Conselho Federal de Psicologia mostrou que o nome de Içami Tiba estava entre os mais admirados pelos psicólogos. Em uma pergunta espontânea, ele ficou em terceiro lugar, atrás de cânones como Freud e Jung.
O método Tiba
Confira trechos de entrevista concedida por Içami Tiba à Gazeta do Povo:
Ensino dos 4 aos 17 anos
Minha opinião é de que a escola, como está, é altamente prejudicial à aprendizagem porque toma tempo demais da vida de nossas crianças e adolescentes para ensinar muito pouco.
Gastar 11 anos da vida em bancos escolares para sair de lá como analfabeto funcional? No entanto, eu não concordo com quem pensa que seja cedo demais para uma criança começar a aprender.
A fase de 0 a 3 anos é aquela em que a criança mais aprende e é um período muito desperdiçado. Portanto, não sou contra a escola desde cedo, mas sou contra a educação que este governo oferece.
Conhecimento
Antigamente, a família e a escola eram centros de referência, mas hoje se aprende de muitas maneiras diferentes, em muitos ambientes.
É como se aprendêssemos no ar. Se os pais ou a escola não ensinarem, a criança vai aprender com a tevê, a internet e os colegas. E aprender qualquer coisa, sem orientação, sem guia, é muito pior.
Valores
A falta de valores está na causa de tudo aquilo e a questão dos valores aprende-se, principalmente, em casa. Jovens que não tiveram nenhuma educação em valores vivem e aprendem o que aparece no momento, deixam-se levar por aquilo que é vigente.
Quem tem valores sólidos dentro de si é capaz de olhar para uma situação sem ser envolvido por ela, e pode analisá-la e criticá-la.
Impaciência
Eu tenho notado muitos pais tolerando coisas demais, coisas que nem entendem, mas acabam sendo intolerantes com o essencial. A impaciência dos pais gera a impaciência nos filhos e a impaciência é a primeira semente para a pressa.
Se a pessoa começa a ter pressa demais, fica irritada e depois fica agressiva. Se ficou agressiva, falta pouco para ficar violenta. Vejo muita gente tentando resolver a violência sem falar em valores. Não vai funcionar. É preciso mexer na semente, e a semente é ensinar valores às nossas crianças.
Idade ideal
A primeira coisa a saber é que não há uma idade ideal para começar a se trabalhar disciplina. Pais que querem filhos disciplinados precisam proporcionar um ritmo básico para eles. Quem não tem ritmo desobedece porque a normalidade para ele é justamente a falta de ordem.
* Nota: As informações e sugestões contidas neste artigo têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.
Fonte: Gazeta do Povo