Sofrer um trauma emocional pode causar “dor no coração” e essa sensação não se trata apenas de algo imaginário, mas sim físico. A Sociedade Psicológica Britânica afirma que sentir estômago revirado, coração acelerado, tremedeira, flashbacks e hipersensibilidade ao barulho são considerados subprodutos físicos da perda.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, realizaram exames mostrando que a parte do cérebro que lida com a dor física – o córtex cingulado anterior – também processa a dor emocional. Além disso, sensações ruins relacionadas ao peito são recorrentes.
De acordo com a descrição da Fundação Britânica para o Coração, esses são os sintomas da “síndrome do coração partido”, ou cardiopatia de Takotsubo, algo que geralmente ocorre após algum tipo de estresse emocional ou físico.
O estudo feito pela Faculdade Imperial de Londres sugere que isso se trata de um mecanismo de defesa do coração ao se deparar com a onda muito forte de adrenalina, que costuma acompanhar situações de choque e luto.
Os pesquisadores acreditam que o problema afeta 100 a cada 1 milhão de pessoas por ano. Foi verificado que o músculo do coração de repente fica fraco e uma das câmaras do órgão muda de forma, assim a dor é ocasionada.
O luto também está associado a infecções. Um estudo da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, descobriu que aqueles que viveram recentemente um quadro de luto, especialmente idosos, podem passar por um processo de redução das funções dos neutrófilos – a parte mais abundante dos glóbulos brancos do sangue, responsáveis por combater bactérias como a da pneumonia.
Isso pode ser uma explicação para casais de idosos que morrem praticamente ao mesmo tempo. “As pessoas dizem que se morre de coração partido. O que nós diríamos é que eles estão morrendo dos efeitos desses fatores em seu sistema imunológico”, afirma Anna Philips, professora de Medicina Comportamental da Universidade de Birmingham e responsável por liderar os estudos relacionado ao luto. Outra pesquisa executada por Anna Philips e colegas constatou que pessoas que vivenciaram uma perda no último ano produzem menos anticorpos.
Apesar do conhecimento cientifico sobre a correlação entre luto e desconforto físico, os sintomas não são previsíveis. “As pessoas ficam bastante chocadas com como se sentem fisicamente e preocupadas achando que há algo errado com elas”, conta Jessica Mitchell, gerente do serviço de apoio telefônico da ONG Cruse Bereavement Care.
A maioria das pessoas costumam sentirem-se cansadas, dormindo mal, com mudanças no apetite e no ciclo menstrual e aparentam ficar doentes mais facilmente. Mesmo assim, essa mudança no dia a dia acaba passando despercebido, isso porque o tema ainda é pouco falado.
Fonte: MinhaVida