No dia 29 de outubro de 2015, o Papa Francisco deu uma homilia muito singela, mas de conteúdo extraordinariamente profundo, sobre como é o amor de Deus pelos Seus filhos – inclusive pelos piores dentre os Seus filhos.
Francisco partiu do episódio em que Jesus chora sobre Jerusalém. Uma cena impactante, imperscrutável: Deus que chora! Com base nesse fato de dimensões impenetráveis, o Papa Francisco construiu uma das suas mais inesquecíveis e inspiradoras homilias:
“Jesus chora sobre Jerusalém, a cidade que mata os profetas, aqueles que anunciam a sua salvação. E Deus diz para Jerusalém e para todos nós: ‘Quantas vezes eu quis reunir os teus filhos como a galinha junta os pintinhos debaixo das asas, e tu não quiseste!’”.
“Todo homem, toda mulher, pode recusar o presente de Deus. Mas o presente está aí. Deus não pode ficar longe de nós. Esta é a ‘impotência’ de Deus! Deus é poderoso, pode fazer tudo! Menos uma coisa: ficar longe de nós”.
Na liturgia daquele dia de outubro de 2015, a primeira leitura mostrava São Paulo indagando: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”. E ele mesmo respondia: “Nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus”.
“Não é que nós vençamos os nossos inimigos, o pecado. Não! Nós estamos tão vinculados ao amor de Deus que nenhuma pessoa, nenhum poder, nada pode nos separar desse amor! Paulo viu nesse dom Aquele que dá o dom: é o dom da recriação, do renascimento em Cristo Jesus. Ele viu o amor de Deus. Um amor que não tem explicação”.
“Jesus chorou! Chorou sobre Jerusalém e aquele pranto é toda a ‘impotência’ de Deus: a incapacidade dele de não amar, de ficar longe de nós. Deus chora, chora por mim quando me afasto dele; chora por cada um de nós; chora pelos iníquos, que fazem tanta coisa ruim, tanto mal à humanidade… Ele aguarda; não condena. Ele chora. Por quê? Porque ama! Deus não pode não amar! Eu posso rejeitar esse amor, como o ladrão que o rejeitou mesmo no final da vida. Mas aquele amor estava lá, esperando por ele. O pior dentre nós, o maior dos blasfemos é amado por Deus com uma ternura de pai, de papai”.
Deus, como disse o próprio Cristo, é como a galinha que abre as asas para os seus pintinhos. Sempre.
Fonte: Aletéia
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