Restringir os níveis de açúcar no sangue pode oferecer proteção contra alguns tipos de câncer. Foi o que descobriram pesquisadores da Universidade do Texas, EUA, após testes em camundongos com câncer de pulmão.
Eles alimentaram as cobaias com uma dieta cetogênica – a Dieta keto que é muito baixa em açúcar – e deram um medicamento comumente usado para tratar o diabetes, que impede que a glicose no sangue seja reabsorvida pelos rins.
“Tanto a dieta cetogênica quanto a restrição farmacológica da glicose no sangue por si só inibiram o crescimento de tumores de carcinoma de células escamosas em camundongos com câncer de pulmão,” conta o Dr. Jung-Whan Kim, da Universidade do Texas em Dallas (EUA).
A dieta cetogênica, também conhecida como “dieta Keto”, foi desenvolvida para pessoas com diabetes, mas hoje é largamente adotada por pessoas que não apresentam a condição, mas que querem evitar o acúmulo de gordura.
O nome deriva de cetose, que é um estado metabólico no qual a gordura deixa de ser armazenadora de energia, passando a ser fornecedora de energia para o corpo.
A principal característica da dieta cetogênica é a elevada restrição ao consumo de carboidratos, cerca de 5% – o que é ainda mais restritivo do que as dietas conhecidas como “baixo carboidrato” -, e elevado consumo de “gorduras boas”, incluindo carnes e peixes, ovos e azeite. Quanto aos doces, claro, é melhor não pensar neles.
“Embora essas intervenções não reduzissem os tumores, elas impediram que progredissem, o que sugere que esse tipo de câncer pode estar vulnerável à restrição de glicose”.
Embora se suspeite há muito tempo que vários tipos de células cancerosas sejam fortemente dependentes da glicose – ou açúcar – como fonte de energia, Kim e seus colegas demonstraram que um tipo específico de câncer – o carcinoma de células escamosas – é notavelmente mais dependente da glicose do que outros tipos de câncer, como o adenocarcinoma.
“A descoberta chave do nosso novo estudo em camundongos é que uma dieta cetogênica sozinha tem algum efeito inibidor do crescimento do tumor no câncer de células escamosas,” disse Kim.
“Quando combinamos isso com o medicamento para diabetes e a quimioterapia, foi ainda mais eficaz. Nossos resultados sugerem que essa abordagem é específica do tipo de célula cancerosa. Não podemos generalizar para todos os tipos de câncer”.
O pesquisador enfatiza que, para uma futura aplicação terapêutica dessa técnica, será necessário realizar antes estudos clínicos mais abrangentes e mais detalhados, mas que os resultados indicam uma abordagem potencialmente nova para melhorar o tratamento do câncer.
“Manipular os níveis de glicose no paciente seria uma nova estratégia que é diferente de tentar matar diretamente as células cancerosas,” disse ele.
“Acredito que isso faz parte de uma mudança de paradigma em relação a alvejar as próprias células do câncer.”
Via:Só Notícia Boa
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