Por:Psicóloga Clínica Carolina Rodrigues
Em todas as doenças existem fatores de ordem psicológica: a pessoa pode estar mais ou menos vulnerável ao aparecimento de doenças e a ausência de respostas emocionais/afetivas proporciona mais facilmente essa vulnerabilidade. Quando as pessoas têm muita dificuldade em expressar emoções verbalmente, vão fazê-lo através do corpo.
Existem doenças que são desencadeadas após situações de perda afetiva.
Algumas pessoas não se dão conta da perda de afeto, o que leva à emergência de uma Depressão Falhada ou Depressão sem Depressão. Só a parte física é que reage, não há consciência da perda, logo essa falta de afeto não é representada, dando lugar a um vazio. Contudo, como existe um marco inconsciente, assiste-se à emergência da doença física ou perturbação orgânica. Na depressão falhada não há uma depressão psicológica mas há todas as características físicas da depressão (cansaço, falta de energia, sonolência, etc).
Nestas pessoas, a esperança é quase nula, por isso têm poucos projetos, não criam fantasias e não têm um sonho projetado. A isso chama-se Sonho Falhado (não existe propriamente o sonho na vida – a vontade de concretizar um determinado projeto). Vivem muito centradas no presente e têm receio de criar expectativas e projetarem-se no futuro. Sentem falta de esperança e os poucos projetos que têm são levados de forma passiva.
Tendem a ficar submetidas às regras, fazendo o que os outros fazem, sem viverem de acordo com as suas vontades – “Não vivem, estão”, porque há poucos estímulos internos. Estas pessoas vão vivendo de acordo com os acontecimentos. Passam a vida a preencher necessidades, mais do que a viverem e desfrutarem dos prazeres, pois não sentem interesse em fazerem as coisas, “fazem por fazer”. Deixam-se levar pelas rotinas que se espalham pela vida. Há um sentido inconsciente da falta, pois como não se alimentam de afetos, vão desistindo facilmente de tudo – há perda de interesse.
Por outro lado, como a pessoa não tem consciência da falta não sente raiva, zanga, nem revolta contra o seu mundo, suas vivências, relações, pois tudo isto não é encarado como maligno (raiva falhada). Por ventura, quando há alguma consciência desta falta, existe esta raiva ou zanga virada para o próprio, metida para dentro. Outras vezes, a raiva também não é dita nem exercida e a pessoa é impossibilitada de exprimir os seus sentimentos de frustração e revolta (raiva amordaçada).
Deste modo, a psicossomática aparece como um distúrbio ligado ao corpo, ou aos cuidados do corpo em pessoas que tendem a não reconhecer as suas emoções.
Muitas vezes, manifesta-se em quedas de cabelo, seborreia, amigdalites, herpes, eczema, dificuldades respiratórias, asma, distúrbios da alimentação, alergias, etc.
As crises psicossomáticas surgem quando existe uma ruptura, uma percepção vaga de que lhe falta algo essencial. É neste momento que a pessoa tende a desistir de tudo o que a rodeia. A pouca esperança desaparece e a pessoa sente-se completamente sozinha. O pensamento é do tipo: “estou sozinho, ninguém gosta de mim“, logo opta por desistir.
No plano psicoterapêutico é necessário trabalhar a parte afectiva e relacional, de forma a restabelecer a esperança. É preciso levar a pessoa a perceber a linguagem ligada às emoções, reconhecê-las e expressá-las. Deve-se expandir o campo simbólico para que o pensamento se torne mais rico e menos mecanizado. Para além disso, ao longo da relação terapêutica desenvolve-se e estimula-se áreas do pensamento que não foram investidas anteriormente.
À medida que este trabalho é feito, as crises psicossomáticas tendem a ser menores e os sintomas corporais acabam por ir desaparecendo gradualmente.
* Nota: As informações e sugestões contidas neste artigo têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.
Fonte: Psicologias do Brasil