Por: Revista Saber Viver Mais
O que esperar de a “Rosa e Momo”?
O filme é um remake de “Madame Rosa”, de 1977, entretanto engana-se quem pensa que é só mais uma adaptação. Pra começar o filme traz a maravilhosa Sophia Loren como a “madame” Rosa, a atriz de 86 anos saiu da aposentadoria para viver novamente um papel marcante.
Não menos marcante o filme tem o ator Ibrahima Gueyee, que faz o papel do órfão senegâles Momo. O longa foi produzido todo durante a pandemia, sua estréia foi em novembro e foi muito bem recebido pela crítica.
O enredo
A história descreve Rosa, uma profissional do sexo que, após envelhecer, passou a trabalhar cuidando de crianças que outras profissionais que ganham a vida como ela ganhava. Madame Rosa (Sophia Loren) é assaltada por uma criança na rua, após receber a visita de velho amigo Dr. Coen (Renato Carpentieri), que é responsável por Momo (Ibrahima Gueyee), ela reconhece que ele foi que o assaltará e o faz devolver as coisas e lhe pedir desculpas.
Depois disso, motivada por uma recompensa financeira, Rosa aceita cuidar dele por alguns meses. A partir daí, presenciamos a construção dos laços afetivos entre “dois teimosos”, onde fica cada vez mais claro o quanto um precisa do outro. Até então poderia parecer um roteiro clichê, né!? Mas o filme tem bem mais do que isso, o que o diferencia dos “melodramas” que costumamos ver por aí!
Poderiamos contar toda a história,entretanto vamos destacar somente 5 motivos que tornam o filme um forte candidato aos Oscar 2020:
1-A diversidade dos personagens é enriquecedora
A começar por Rosa, que é uma judia que sobreviveu ao holocausto, ela convive com Lola, sua melhor amiga que é transgênero brilhantemente interpretada pela atriz espanhola Abril Zamora. Lola na trama é mãe de uma das crianças cuidadas por Rosa, outro personagem marcante é o Dr Coen, um médico judeu que é responsável por crianças órfãos de refugiados.
2-A fotografia
A fotografia da produção é impecável e recebeu a mais perfeita descrição pelas palavras de Pâmela Eurídice, do Cine Set. “As cores são muito bem trabalhadas e expressam as relações propostas pela produção. Enquanto Momo se mantém isolado e fechado para um elo com Rosa, por exemplo, o azul permeia suas cenas. A iluminação sobre seu corpo negro é delicada e lembra bastante a utilizada em “Moonlight” e “Queen & Slim”, a fotografia comprime o menino, o deixando em quadros distantes dos outros personagens. Essa situação muda gradativamente, conforme ele permite que Rosa entre em sua vida, abrindo espaço para que o amarelo e o vermelho substituam o azul.”
3-O filme mostra todo o peso psicológico dos traumas e como conseguem sobreviver em um mundo que ambos são “párias” da sociedade
Madame Rosa, é uma mulher forte e destemida, mas durante o desenrolar da história mostra na verdade como é: uma sobrevivente. Ela não é “boazinha” e muito menos permissiva, as vezes suas falas e ações chegam a ser cruéis. Mas é compreensível, pois além de sobreviver como profissional do sexo ela passou pelo holocausto,
Mas, se os traumas a fizeram forte, eles também são a área que mostra a vulnerabilidade de Rosa. E é justamente no porão do prédio onde mora que ela encontra seu refúgio interno e onde, de tempos em tempos, recarrega suas forças e se sente segura. O local, como é descrito por ela no filme, a faz lembrar do porão onde se escondia durante as perseguições da segunda guerra.
“Em Auschwitz, sempre me escondia debaixo dos barracões quando havia chamada”, relata ela ao jovem africano. “Aquele era o meu abrigo; lá eu me sentia segura. Eu tinha a mesma idade que você, Momo.”
Já momo, tem sonhos vívidos em que está em sua terra e é acarinhado e maternalmente protegido por uma grande leoa, que é uma mãe imaginária que substitui a mãe que, como ele mesmo diz, nunca o abandonou, mas que morreu e não pode mais cuidar dele.
4-A atuação de Sophia Loren, no auge de seus 86 anos e como é tratado as questões do envelhecimento e da perda da lucidez.
“A razão pela qual fiz este filme é que Madame Rosa me lembra muito a minha mãe: por dentro, era frágil e vulnerável, mas para os outros, passava uma imagem forte”, disse Loren durante uma entrevista para a TV no CBS-Morning-Show, programa matinal do canal americano. (Fonte)
Ver Sophia Loren idosa nos mostra o peso histórico que trazemos em cada ruga de nosso rosto. Ela, além de uma magnífica atriz, foi considerada uma das mulheres mais bonitas e sensuais do mundo. Ver o seu processo de envelhecimento no filme nos lembra da importância da vida em cada uma de suas fases. E, o que é mais incrível nisso, é que ela continua linda!
5-O filme lança uma descoberta que podemos ser salvos por alguem que salvamos
Por fim o filme nos emociona, sem nenhum apelo sentimental. Por um lado enquanto mostra a perda de lucidez de Madame Rosa, mostra como Momo devolve a humanidade a Rosa, e ao mesmo tempo salva o jovem. É como se esse inusitado encontro no fim da vida fosse uma chance que ela teve para fazer as pazes consigo mesma antes de partir.
Com informações: Conti Outra