Por: Revista Saber Viver Mais
Ouvir uma música ou tocar um instrumento, produzem diversos tipos de sensações em nosso cérebro, prazer, nostalgia, alegria, euforia e muitos outros sentimentos. Um estudo alemão descobriu que essas sensações já são despertadas desde quando o bebê está no ventre da sua mãe.
Agora um novo estudo vindo da Suiça, mostra que a música pode fazer muito mais do que produzir sensações, a pesquisa disse que a música especialmente a clássica, pode ajudar a impulsionar o neurodesenvolvimento de bebês prematuros
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) um bebê prematuro, que também pode ser chamado de pré-termo, é aquele que nasce antes de 37 semanas de gestação completas.
O bebê prematuro é classificado de acordo com a idade gestacional:
Nos países industrializados, quase 1% das crianças nascem “muito prematuramente”, ou seja antes das 32 semana de gestação. Embora haja avanços na medicina neonatal, e a maioria desses bebês sobrevivem, ainda assim, essas crianças ainda correm alto risco de desenvolver distúbios neuropsicológicos.
Pesquisadores da Universidade de Genebra (UNIGE) e dos Hospitais Universiários de Genebra (HUG) propõem uma solução original: música como terapia, de preferência escrita para os bebês prematuros.
Os primeiros resultados foram positivos e ajudaram os cérebros dos recém nascidos a se desenvolverem melhor, mesmo em ambientes estressantes como o de uma terapia intensiva. Esses resultados inclusive foram publicados nos Anais da Academia Nacional de Ciências nos Estados Unidos.
O que mais surpreendeu foram as imagens médicas mostrando que as redes neurais de bebês prematuras que ouviram essa música, em particular estão desenvolvendo muito melhor.
“Ao nascer, os cérebros desses bebês ainda são imaturos. O desenvolvimento do cérebro deve, portanto, continuar na unidade de terapia intensiva, em uma incubadora, sob condições muito diferentes do que se ainda estivessem no ventre da mãe ”, explica Petra Hüppi, professora da Faculdade de Medicina da UNIGE e chefe da Divisão de Desenvolvimento e Crescimento da HUG. , quem dirigiu este trabalho. “A imaturidade do cérebro, combinada com um ambiente sensorial perturbador, explica por que as redes neurais não se desenvolvem normalmente”.
A ideia então dos pesquisadores foi bem prática: dado que os déficits neuronais de bebês prematuros são devidos, ao menos em parte, a estímulos inesperados e estressantes, bem como à falta de estímulos adaptados à sua condição, seu ambiente deve ser enriquecido pela introdução de estímulos estruturantes. Como o sistema auditivo é funcional desde o começo, a música parecia ser uma boa candidata. Mas que música?
“Felizmente, conhecemos o compositor Andreas Vollenweider, que já havia feito projetos musicais com populações frágeis e que demonstraram grande interesse em criar músicas adequadas para crianças prematuras”, diz Hüppi.
A doutora em neurociência e pesquisadora do HUG e do UNIGE, Lara Lordier descreve o processo de criação musical. “Era importante que esses estímulos musicais estivessem relacionados à condição do bebê”, diz Lordier. “Queríamos estruturar o dia com estímulos agradáveis nos momentos apropriados: uma música para acompanhar seu despertar, uma música para acompanhar seu adormecimento e uma música para interagir durante as fases de despertar”.
Vollenweider, junto com uma enfermeira especializada em cuidados de apoio e desenvolvimento, escolheu uma variedade de instrumentos para os bebês. “O instrumento que mais gerou reações foi a flauta de encantadores de serpentes indianas (o pungi)”, lembra Lara Lordier. “Crianças muito agitadas se acalmaram quase que instantaneamente – a atenção delas foi atraída pela música!” O compositor escreveu três ambientes sonoros de oito minutos cada, com partes de pungi, harpa e sinos.
O estudo foi realizado em um estudo duplo-cego. Um grupo de bebês prematuros que ouviram a música e um grupo de controle de recém-nascidos, o estudo foi realizado para avaliar o desenvolvimentos cerebral de bebês prematuros que experienciaram ouvir a música era parecido com o dos bebês nascidos a termo. Para o estudo usaram RM funcional em repouso nos três grupos de crianças.
Com informações:Revista Saber e Saúde
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