Por Lívia Teixeira
Nada se compara ao sentimento de ser enganado, ferido ou humilhado. A mínima lembrança do ocorrido é suficiente para reviver a dor no peito, a mágoa, a tristeza profunda de se decepcionar com alguém que amamos. Você já sentiu como se estivesse vivendo novamente a dor, mesmo que ela já tenha acontecido há anos?
A verdade é que, de fato, quando você se lembra destas situações que ainda não foram perdoadas, você verdadeiramente as vive novamente. Nosso cérebro, apesar de extremamente inteligente, não consegue diferenciar com clareza experiências reais e experiências imaginadas ou relembradas.
Quer entender melhor? Pense agora em algo que lhe causa medo, ou lembre de alguma situação em que você se sentiu ameaçado. Se você se concentrar, provavelmente seu corpo manifestará alguns sintomas: coração acelerado, mudança na respiração, sentimento de desespero… Mesmo que aquela “ameaça” não exista no momento, o simples fato de pensar sobre ela afeta todo o seu organismo.
Portanto, todas as vezes que você se lembra de situações de ofensa do passado, é como se você estivesse sendo ferido mais uma vez. Ferido por alguém que amamos, por alguma situação específica, ou, muitas vezes, por nós mesmos. Algumas pessoas chegam a reviver tantas vezes essas situações que acabam adoecendo física e emocionalmente.
O perdão está intimamente relacionado ao sentimento de culpa. Culpamos alguém por ter nos maltratado. Culpamos a nós mesmos por ações das quais nos arrependemos. Culpamos o chefe, a família, o governo, o planeta. O sentimento de culpa assalta a nossa tranquilidade.
Perdoar não é uma tarefa simples. Isso porque, antes do perdão, precisa surgir a compreensão. É preciso compreender que existem misérias terríveis e devastadoras escondidas no coração daqueles que o ofenderam. Cada um só é capaz de dar o que tem dentro de si. Por trás de uma pessoa que fere, há sempre uma pessoa ferida.
Por trás de uma pessoa autoritária, existe uma pessoa frágil. Por trás de uma pessoa agressiva, se esconde uma pessoa infeliz. Dentro das pessoas mais complicadas há uma criança que precisa de atenção e carinho. Pode ser difícil enxergar isso algumas vezes, mas precisamos nos lembrar que todos somos seres humanos, vulneráveis, imperfeitos, tentando descobrir o mistério da vida.
Muitos pensam que, ao perdoar, estão fazendo um favor ao outro. Ledo engano! O perdão só faz bem a si mesmo. Quem não perdoa briga o dia inteiro com alguém que nem sequer está ali. Quem não perdoa leva seus inimigos para a cama para perturbar seu sono, dorme com eles, os convida para entrar na sua mente e no seu coração. Vivem um filme de terror.
É preciso abrir mão da necessidade neurótica de julgar o outro, de acusar e recriminar suas ações. Ninguém é digno de determinar quem merece ou não o perdão. Abra o seu coração para sair da posição de juiz, e para tirar o outro da posição de criminoso. Quem nunca cometeu um erro, que atire a primeira pedra.
Faça uma lista das pessoas que você acredita que deveria perdoar (isso inclui você mesmo). Compreenda sua fragilidade. Abra o seu coração para entender que ninguém deve ser capaz de tirar a sua tranquilidade. Sua paz vale ouro! O resto é bobagem. Você deve fazer isso por você, não pelo outro. Perdoe, e você será livre.
Quer ser feliz? Ame, em vez de odiar. Mantenha a serenidade, em vez de ser controlado pela tensão. Perdoe, em vez de condenar. Não sobreviva. Viva!
Fonte:AGE
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