Autor: Albani Borges dos Reis

Homens que Trabalharam em Vinícolas, da Região de Bento Gonçalves RS,
Contratados por Empresa Terceirizada, e Foram Resgatados em Janeiro de 2023.

Nesta última quarta feira, dia 22 de fevereiro de 2023, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) resgatou cerca 206 trabalhadores em situação análoga a escravidão, na cidade de Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul. A corporação afirmou que todos eles foram encontrados em condições degradantes.
O responsável pela empresa que mantinha os trabalhadores, segundo a PRF, é Pedro Augusto Santana, natural de Valente na Bahia, o qual pagou a fiança depois de preso, e responde ao processo em
liberdade.

O Dr. Rafael Dorneles da Silva, advogado da empresa contratante dos trabalhadores, a Empregadora Fênix Serviços de Apoio Administrativo, e seus administradores, afirmam que as “denúncias dos fatos relatados pela fiscalização do trabalho, serão esclarecidos no decorrer do processo judicial.”

A Vinícola Aurora, por sua vez, umas das três onde o grupo trabalhava, afirmou que “não compactua com qualquer espécie de atividade considerada, ilegal, como no caso, à escravidão, e se solidariza com os trabalhadores contratados pela terceirizada Oliveira & Santana”. Reforça ainda que os trabalhadores “são funcionários da Oliveira & Santana, empresa que prestava serviços às vinícolas, a produtores rurais e a frigoríficos da região” e que “a situação degradante em que se encontravam foram identificadas na moradia/alojamento da empresa Oliveira & Santana, e não em vinícolas”.

Dos resgatados, cerca de 207 trabalhadores, 198 são baianos e nove são gaúchos, todos encontrados na mesma situação.Antes do resgate pela PRF, dois trabalhadores baianos conseguiram fugir da vinícola onde prestava serviços, e relataram o fato ao Portal G1 BA, contando parte do que acontecia no local.

Inicialmente, relataram, que foram contratados após contato com um agenciador que oferecia salário de 4 mil reais por dois meses de trabalho, mais três refeições diárias, alojamento e passagens de ida e volta. Quando lá chegaram com um grupo de trabalhadores, e viram as condições do alojamento e de trabalho,quiseram voltar mas não tinham dinheiro para a viagem, então resolveram ficar por alguns dias. Em seguida resolveram fugir, nada recebendo do que foi prometido. Fugiram, então, coma ajuda dosfamiliares, após fazerem contato.

Os dois trabalhadores que fugiram, contaram ainda que presenciaram atos de tortura como choques elétricos, aplicação de spray de pimenta e até espancamentos. Ainda, que todos eles eram acordados as 4;00 horas da manhã, sendo chamados de demônios e presidiários e faziam uma jornada de trabalho de cerca de 15 horas diárias. “Nem força para trabalhar a gente tinha”, disse um dos homens.