O Astronauta: Uma Fábula Cósmica Sobre Solidão, Amor e o Que Realmente Importa
Nem toda viagem ao espaço é sobre ciência, tecnologia ou salvar o mundo. Às vezes, ela é apenas sobre entender a si mesmo — e é exatamente isso que O Astronauta, dirigido por Johan Renck e estrelado por um surpreendente Adam Sandler, nos entrega com delicadeza e profundidade.
Baseado no romance Spaceman of Bohemia, de Jaroslav Kalfar, o filme narra a jornada de Jakub Procházka, um astronauta tcheco enviado para uma missão solitária rumo às proximidades de Júpiter. Mas a maior distância que ele enfrenta não é espacial — é emocional. Deixando para trás sua esposa grávida, Lenka (Carey Mulligan), Jakub se vê isolado em uma nave, perseguido pelas memórias e culpas que o acompanham no silêncio do cosmos.
Enquanto Lenka, desiludida com suas escolhas, decide se afastar, Jakub recebe uma visita inesperada: Hanus, uma misteriosa criatura alienígena com forma de aranha e voz serena (interpretada por Paul Dano), que passa a habitar a nave como se sempre tivesse feito parte dela. O que poderia facilmente descambar para o absurdo se transforma em um conto sensível e poético sobre amizade, vulnerabilidade e autoconhecimento.
Ao longo do filme, Hanus funciona quase como uma consciência externa — ou talvez interna — guiando Jakub por uma dolorosa e necessária jornada de introspecção. A ficção científica aqui é apenas pano de fundo para o verdadeiro tema: o que significa estar presente? E o que estamos dispostos a sacrificar em nome da ambição?
Com uma estética visual deslumbrante e ritmo contemplativo, O Astronauta é um daqueles filmes que fala mais ao coração do que à razão. E embora tenha passado despercebido por muitos, talvez justamente por sua natureza intimista, é uma obra que merece ser vista — e sentida.
Porque, no fim, às vezes é preciso ir até o fim do universo para descobrir que o que mais importa… ficou na Terra.
Veja o trailer da trama: